sexta-feira, 21 de maio de 2021

LEITURA DE OBRA DE ARTE

 

        O que é leitura de obra de ARTE?

      Temos aspectos importantes que é preciso considerar para essa compreensão. Fundamentalmente, que ao se pensar a palavra leitura, imediatamente tem-se a relação com a leitura e escrita de textos com base nas palavras da língua do falante e na sintaxe desse vocabulário que o falante articula. Para que se possa expandir a ideia de leitura, para o mérito das obras de artes, é prioritariamente necessário que se tenha a noção de que a linguagem que estar ai para ser examinada tem uma correlação com a sintaxe da forma visual dos elementos que constitui a percepção visual, ou seja, é linguagem visual. Daí deve-se apresentar o problema sob três concepções:

a.       Considerar-se-á que a leitura de uma obra seja um ato complexo, pois envolve aspectos que estão no âmbito da construção da imagem visual e ao mesmo tempo na mente de quem ler a obra;

b.       É preciso, nesse ato, reconstruir a obra em plenitude no pensamento de sua realidade sensível, para que a obra se revele;

c.       Então, o que a obra revela? i) o seu significado espiritual; ii) o seu valor artístico; iii) a contemplação e fruição.

       Desse forma, ter-se-á uma primeira impressão do significado de leitura de obra de arte, conforme premissas de Luigi Pareyson (1997): Ler uma obra é executar, interpretar e avaliar, para chegar a contemplá-la e gozá-la.

       Porém, essa definição traz dois pontos de vistas na direção filosófico metodológico. Um com base na concepção kantiana e outro hegeliana. Pareyson enfatiza que essas concepção fundam firmemente o pensamento italiano, um na perspectiva croceana e outro na gentiliana. Mas que é preciso visitar tais concepções para poder esclarecer o processo nos quais os métodos se inscrevem. Toma-se a seguinte obra:


                              Expressão da Amazônia. Gravura Digital. https://www.alixa.art 

      Essa é uma obra de minha autoria (ALIXA), cuja identidade visual se relaciona com elementos da natureza Amazônica. Pareyson levanta que existem dois métodos para se olhar a imagem visual, mediante os pontos de vistas supracitados: a REEVOCAÇÃO; e a REVOCAÇÃO. A primeira se dar no movimento do pensamento quando o olhar alcança a obra, o pensamento é estimulado e assim acontece a Reevocação - o leitor se renova impulsionado para o que ver e revive as sensações internas e se recria no mundo da sua imaginação, como poesia visual subjetiva. Assim, constrói em seus pensamentos imaginações como um texto mental por meio dos sentidos fisiológicos sobre a obra. Também o leitor, nesse momento, se apropria da imagem na imaginação para reviver a obra como uma citação da arte do mundo real no pensamento de alguém. Poder-se-á perguntar sobre a obra acima: O que você ver? Descreva a imagem e ao mesmo tempo diga o que ela te remete (lembranças, memórias, referências visuais etc)? Como você organiza a imagem, imaginando que algo pode ser mudado nela? Que sentimentos te invade ao olhar atentamente sobre a obra? De onde será que vem essa imagem da gravura? Quais elementos se repetem e porquê? O que é fascinante, misterioso e/ou oculto na imagem? Que título você daria a ela?

Observe que na REEVOCAÇÃO não se cria nada de novo, mas que deve ser dito apenas o que se ver ao olhar a obra. São as impressões do objeto artístico na subjetividade do leitor. Por isso, nem ato e nem conteúdo são recriados, o esforço do leitor é prestar muita atenção na imagem que ler. Contudo, é uma forma do olhar relativo ao modo de ver do leitor que interpreta e recria no pensamento aquilo que ver. Não há como intervir no conteúdo porque o conteúdo é aquilo que estar posto na imagem e não se pode alterá-lo.

        No próximo post escreveremos sobre a REVOCAÇÃO.





quarta-feira, 21 de abril de 2021

 EXPRESSÃO DO FEMININO 1

Auridéa Moraes, poetiza na cidade de Marabá escreveu:

NUEZA          

(parafraseando Franciorlys ViannZa)

Oh vontade
De acordar nua em pelo
Nua de fato
De gramática e de acentos
Só vestida do ato que me despiu


 
Oh vontade
De acordar nua e sem juízo
Nua de cetim e de seda
De cálices e rotas
Farta de teu verbo
E conjugada de açoites


 


Oh vontade
De acordar nua e sem diadema
Nua de coroa e adorno
De pare e de chega
E ainda no cio

 


Oh vontade
De ser nua de algo imune
De tréguas e traços
Ser a conta da tua reza
E contar que o vício é a palavra
Para quem lê e para quem escreve.   







sábado, 18 de fevereiro de 2017

DO MODELO A CONDIÇÃO DA VISUALIDADE

O fundamental na construção entre o modelo e a imagem é que ela será reproduzida e reapropriada para o espaço plástico, na condição de visualidade mediante aos aspectos sensórios visuais.


domingo, 21 de junho de 2015

REPRODUTIBILIDADE DA IMAGEM TÉCNICA

No substrato das artes gráficas a cópia tem uma importância primordial.
A reprodução técnica da imagem é vista como uma reprodução feita a partir de uma matriz. Vários são os caminhos para isso, os mais inovadores da reprodução de imagens são: fotografia, serigrafia, eletrografia (xerox), off set, mimeografo (mecânico e eletrônico), fax e computador. A prática da cópia é recorrente ao modo de o artista se relacionar com a imagem original criada para ser reproduzida com algum grau de interesse.
Lavadeira no Rio Tocantins. Imagem coletada por meio de uma fotografia e recriada como digigrafia. Nota-se que é uma reprodução de uma imagem natural no rio e levada para o computador para ser a matriz de uma reprodução técnica.

quarta-feira, 17 de junho de 2015

A PRESENÇA DO TEMPO NA IMAGEM ELETRÔNICA CELEBRA A VIDA

Quando vejo seu trabalho tenho sempre a impressão de reconstrução. 
"Você utiliza o computador para realçar a presença do tempo sobre os objetos, os barcos. Quando vejo os barcos penso no verbo navegar, que é viver também. E ao ver o barco, esta cunha, esta folha feita de árvore, na qual você trabalha, este objeto vira outra coisa que me dá uma lembrança de algo, ou pelo menos me faz buscar. Gosto de não ver todo o barco, só de ver um pedaço. Isto me agrada. As cores vivas reforçam o tempo, a presença dele, traz cor, vida, e viver é envelhecer e acúmulo de tempo, de cores, e seu trabalho tem muito disto. Penso que está celebrando a vida de quem navega, porque "navegar é preciso". Viver é bom mas, sentir-se vivo é sublime. Seu trabalho tem isto."   (Adenilson Barcelar)

O tempo é performático e sua ação no lugar traduz a ideia de que ele é regido pelo momento do ato criador e não pela dimensão que pode ser de ganhos pelo valor de troca. O tempo mede a vida e o sublime sentimento de tê-lo ao lado do fazer imagem no meu próprio tempo.